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A Caixa vai financiar a produção de lotes

5 perguntas para Nelson de Souza, vice-presidente de Habitação da Caixa Econômica Federal

 

Em encontro com os membros e participantes do GRI que ocorreu nesta semana, Nelson de Souza, vice-presidente de habitação da caixa, compartilhou um pouco sobre o momento atual da Caixa e perspectivas do futuro, especialmente sobre o financiamento de lotes. Algo que irá de fato impactar o setor nos próximos meses.

1. Qual o volume de crédito para habitação esperado pela Caixa em 2017? 

A Caixa começou 2016 com R$ 67 bilhões no orçamento para habitação e aplicou R$ 81 bilhões. Já iniciamos 2017 com R$ 84 bilhões e a tendência é positiva. Nos nossos contatos com o presidente Temer e a equipe do governo para o setor, vemos que esse segmento é prioridade. R$ 81 bilhões são só a largada. Queremos chegar a R$ 100 bilhões. Então, eu diria a quem está no setor e quer investir que, sem sombra de dúvida, pode fazê-lo. 

 2. Qual a sua expectativa com relação à Letra Imobiliária Garantida (LIG)? 

Temos de reduzir a dependência da poupança, buscar novos fundings e acreditamos muito na LIG. Queremos que esse título seja desburocratizado para fazer realmente diferença no mercado e despertar o interesse dos investidores. Acredito que, com a Selic abaixo de 8% ao ano, a LIG já seja viável. 

 3. Que objetivos a Caixa tem para a empresa Habitar?

A Caixapar, nosso braço de parcerias, detém 49% da Habitar, que está pré-operacional e deve entrar em atividade neste semestre ou, no máximo, no início do próximo. Ela vai ser a grande empresa de habitação no País. Nosso desafio é que o contrato de crédito imobiliário seja integralmente feito pela internet, com tudo interligado: o comprador escolhe um imóvel a partir de um cardápio de unidades disponíveis, envia os dados para a Caixa, abre a conta e faz tudo online, com certificação digital. Esse é o grande sonho que vamos tornar realidade e a Habitar vai contribuir muito para isso.

 4. Como a Caixa está encarando o fenômeno dos distratos?

A pior parte passou, mas o problema existe. Entendemos que essa relação está desequilibrada. Temos de proteger o cliente. Não pode haver abuso nem de um lado nem do outro, nem de quem produz nem de quem compra. Quem produz também é cliente. Se vender e houver distrato, não vai ter fluxo para pagar as contas. Da mesma forma, se alguém comprou e não tem como pagar, precisa devolver, mas vai ter algo a perder. Falta saber qual é o valor que equilibra essa relação. O governo está atento a entrar e tentar regular isso, ou então as leis de mercado vão regular novamente, mas é preciso acertar esse quadro.

 5. A Caixa tem planos de vir a financiar o segmento de loteamentos?

Temos um grupo de trabalho multidisciplinar público-privado e já fizemos o desenho de um produto para a urbanização de lotes. Esse mercado precisa voltar e hoje praticamente não conta com funding, não encontra taxas de juros amigáveis. Ainda não posso dar detalhes porque estamos finalizando as definições, mas adianto que vamos lançar esse produto até o final de junho. Chegamos a um entendimento quanto a prazo e sabemos o que queremos em termos de análise de risco. Agora, é preciso ter um funding compatível para viabilizar o negócio. Temos de colocar recursos com baixo custo. Vamos financiar a produção de lotes, não apenas a venda. A ideia é fechar o ciclo todo: o dono do terreno, que vai parcelá-lo, criar a infraestrutura e deixar tudo pronto para poder comercializar, e também a pessoa física.